Como os conceitos da indústria 4.0 podem reduzir os riscos de acidentes do trabalho na construção civil

O gerenciamento de riscos lida com a incerteza de forma sistemática e estruturada usando a melhor informação disponível para chegar às melhores decisões possíveis. As considerações alcançadas nesse estudo servirão de base para pesquisas futuras sobre a gestão de risco na construção civil.

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1 Introdução

 

Segundo, Klaus Schwab (2016, p. 1) “estamos no início de uma revolução que está mudando fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos um com o outro”. Trata-se da Indústria 4.0: um novo modelo de produção em que máquinas, ferramentas e processos estarão conectados à internet através de sistemas ciber-físicos, interagindo entre si e com a capacidade de operar, tomar decisões e se corrigir de forma praticamente autônoma” Klaus Schwab (2016, p. 1).

A Indústria 4.0 se baseia na combinação de tecnologias aplicadas ao processo produtivo criando as Smart Factories. Os princípios básicos do conceito de Indústria 4.0 são os Cyber-Physical Systems (CPS), a Internet of Things (IoT), a Internet of Services (IoS), robótica avançada, inteligência artificial, Big Data, nanomateriais e nanosensores (Schwab, 2016; CNI, 2016; BCG, 2015a).

A gestão do risco não é um processo recente. Ela tem sido utilizada desde sempre, embora de forma pouco sistemática. Tradicionalmente, a gestão do risco tem sido aplicada instintivamente, de tal forma que, a avaliação dos riscos tem sido efetuada recorrendo à experiência e sem a adoção de uma estratégia pensada e comum a todo o ramo da construção. Cada profissional, socorrendo-se da sua prática, gere e aplica o problema dos riscos da forma que entende mais eficaz (CIRIA, 1996).

O conceito de risco é apresentado pela British Standard BS 6079-3:2000 como a incerteza inerente aos planos e à possibilidade de acontecer algo que possa afetar as perspectivas de se alcançarem os objetivos do projeto. Risco é o efeito da incerteza nos objetivos (ISO 31000: 2009).

Na ISO 55001, risco é definido como o efeito da incerteza sobre os objetivos, ou seja, o desvio do que é esperado. A ISO 31000:2015 estabelece norma, de gestão de riscos.

Os projetos industriais tendem a apresentar inúmeros e variados riscos, em razão, por exemplo, da complexidade e das diferentes tecnologias existentes na Indústria 4.0 que são aplicadas ao seu desenvolvimento. De acordo com Rabechini Junior e Carvalho (2013), nas dimensões de tecnologia e inovação, parecem estar os aspectos mais relevantes da incerteza por causa da natureza.

Para Brusius (2010), existem determinados fatores de riscos que estão associados ao setor da construção civil que precisam ser levados em consideração, principalmente, por ser um segmento que se destaca por empregar intensiva mão de obra, muitas vezes, desqualificada. Relacionado a isso, os serviços de construção tendem a ser concentrados e ocorrer sob pressão, o que leva a um maior risco de acidentes.

Desta forma, pode-se apontar como fatores que levam aos acontecimentos de acidentes na construção civil, o tempo das obras que é relativamente curto, a pouca ou nenhuma qualificação de mão de obra, resultando em alta rotatividade de pessoal; maior contato pessoal com os equipamentos da construção, causando exposição aos riscos; e execução das atividades sob condições climáticas desfavoráveis (Brusius, 2010). Colombo (2009) afirma que muitos acidentes de trabalho e riscos na construção civil surgem como resultado da falta de conhecimento por parte do trabalhador, pressa para entregar o produto final no prazo determinado pelo cliente, pela ausência de um devido planejamento e improvisos.

Este trabalho tem como objetivo estudar os riscos de execução em obras da construção civil e o uso dos conceitos da indústria 4.0 para minimizar esses riscos. A grande relevância deste trabalho foi identificar os riscos mais frequentes da construção civil e quais conceitos da Indústria da 4.0 podem ser aplicados para mitigar os seus riscos.

2  Metodologia

Metodologia adotada foi a revisão da literatura, visando a analisar os riscos aplicado na construção civil. O primeiro passo nessa busca foi pesquisar por palavras-chave relacionadas a técnicas de gestão de risco, incluindo vocábulos na língua portuguesa e inglesa, como risk assessment, gestão de projetos, gestão de riscos, risk in projects, técnicas de gerenciamento de risco, riscos na construção civil, BIM e os conceitos da Indústria 4.0. Essa busca resultou em variados textos que abarcam as principais técnicas aplicadas na gestão de riscos em diversos locais do mundo.

Algumas técnicas apareceram com maior frequência como resultado da busca realizada, dessa forma, pode-se ter como indicativo que inicialmente, como o intuito de realizar a construção da Revisão Bibliográfica, foram identificadas as técnicas com maior reconhecimento em Gestão de Riscos. Essa identificação foi realizada através de ferramentas computacionais de pesquisa, buscando-se por livros e artigos científicos. Foram utilizadas quatro fontes principais de pesquisa:

Artigos científicos e livros acadêmicos disponibilizados publicamente na rede de internet foram:

  • Acervo virtual da rede de bibliotecas da Scopus;
  • Acervo virtual da rede de bibliotecas da Google Acadêmico;

Os acervos pesquisados possibilitaram o acesso a livros, periódicos e artigos científicos cujas técnicas focavam a área de Gestão de Riscos. Portanto, o critério utilizado foi o quanto elas se mostraram reconhecidas e aplicáveis. A figura 1 a seguir representa a metodologia adotada.

Metodologia de pesquisa

3 Referencial teórico

3.1 Risco

Risco é descrito como um evento, um fato ou uma condição com certas consequências esperadas e probabilidade conhecida, o que torna possível avaliar, prever, ou medir o risco e, assim, planejá-lo; ele deve ser definido de modo objetivo (Perminova, 2001).

Risco é a qualidade de um sistema que está relacionado à possibilidade de diferentes resultados (Schuyler, 2001). Para Modarres (2006), o termo risco significa não somente a ocorrência de um evento indesejável, mas também quão provável e quais suas consequências caso ocorra. Segundo Rovai (2005) um risco é um evento futuro que pode acontecer. Muitas vezes, categorizam-se eventos passados causados por problemas ou crises. Considerando-se que esses eventos ocorreram no passado, eles não são exemplos de risco. Além de acontecer no futuro, um risco deve ser também um evento. Por isso, itens relacionados a custos, cronograma e qualidade não fazem parte da definição adotada para risco, porque eles não são eventos. Porém, um evento futuro em um cronograma ou um evento futuro que avalie a qualidade de um sistema poderá ser um risco (Rovai, 2005).

O guia PMBoK (PMI, 2008) define risco como um evento ou uma condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito em pelo menos um objetivo do projeto, como escopo, prazo, custo ou qualidade, ou seja, é possível afirmar que os riscos em projetos se originam no campo das incertezas.

 

3.1.2 Gestão de risco

 

Wideman (1992), afirma que a inexperiência em processos de gestão de riscos em muitos projetos revela o mau desempenho em termos de qualidade, tempo e custo na obtenção dos objetivos. Muitas dessas deficiências são atribuídas tanto a acontecimentos imprevistos (que poderiam ter sido antecipados por uma gestão de projetos apropriada) ou a eventos previstos, para os quais os riscos não foram totalmente estimados. A carência na gestão de riscos deve-se talvez, à pouca compreensão dos conceitos, à falta de confiança nas técnicas usadas e à desconfiança nos resultados obtidos (Wideman, 1992).

O gerenciamento de riscos é uma forma sistemática de identificar, analisar e lidar com os riscos associados aos objetivos dos projetos de construção civil, sendo eles: tempo, custo, qualidade, segurança e sustentabilidade ambiental, assim afirmam Zou, Zhang e Wang (2007).

Um evento futuro possui uma probabilidade de ocorrer, porém, quando essa probabilidade é de 0% ou de 100%, não podem ser considerados como risco, uma vez que se sabe que há 100% de certeza de que um evento futuro acontecerá ou não então se tem um problema ou uma crise, não um risco (Royal, 2005). De acordo com PMI (2009), a gestão de riscos tem o objetivo de identificar e priorizar os riscos antes de sua ocorrência e fornece informações orientadas para ação dos gestores de projeto.

A gestão de risco é um processo, e seguir esse processo é importante para se ter resultados em um projeto (Mulcahy, 2003). Assim a mesma autora define os passos para o processo de gestão de riscos:

  • planejamento da gestão de riscos;
  • identificação dos riscos;
  • análise qualitativa e quantitativa dos riscos;
  • planejamento de respostas dos riscos.
  • controle e monitoramento dos riscos.

Wideman (1992) define gestão de riscos como um processo de identificação, análise, desenvolvimento de respostas e controle de projetos, durante seu ciclo de vida e no interesse de seus objetivos (escopo, custo, prazo e qualidade). Para Wideman, a gestão de riscos envolve quatro fases ou processos:

  • Avaliação e análise dos riscos;
  • Identificação dos riscos.
  • Documentação e controle dos riscos;
  • Desenvolvimento de resposta aos riscos.

Já o PMBOK (2008) define a gestão de riscos como parte do processo de planejamento, identificação, análise, planejamento de respostas, monitoramento e controle.

A figura 1 abaixo, o resumo dos processos de gestão dos riscos do projeto, semelhante ao apresentado pelos autores citados acima.

Etapas da gestão de riscos

Gestão de riscos em projetos não é uma atividade opcional: é essencialmente importante para o sucesso da gestão de projetos. O Relatório Final sobre Riscos Universais, RISKIG – PMI (Hall & Hullet, 2002), define os três grandes grupos de riscos: os riscos de gestão, os riscos externos e os riscos tecnológicos, caracterizados abaixo.

 

3.1.3  Riscos de Gestão

 

Estes incluem gestão de projetos, gestão do sistema e aspectos de risco de gestão organizacional. Neles estão envolvidos a condição da organização, seus recursos e cultura pessoal, tendências organizacionais, situação financeira e comunicação ou estilo da gestão. Nestes grupos, para a identificação de potenciais riscos (desvio planejado), podem ser realizados, entre outros, os seguintes tipos de questionamento: A organização possui canais de comunicação eficazes? Existe compromisso com a elaboração de planos de projeto realistas? A organização está comprometida a ter recursos para gerenciar os riscos? Existe compromisso com as melhores práticas em seus processos? (Hall & Hullet, 2002).

 

3.1.4 Riscos Externos

 

Um conjunto de riscos que se encontra fora do controle da organização que detém o projeto. Áreas de risco externo incluem as ações de terceiros (por exemplo, clientes, stakeholders, fornecedores, concorrentes, etc.), de forças climáticas, demografia, mercado de materiais e crescimento econômico (Hall & Hullet, 2002). Uma maneira de identificar potenciais riscos externos seria por meio da análise da realização de projetos semelhantes, pois desvios quanto aos resultados planejados podem ocorrer caso não exista experiência pertinente no tipo de projeto em questão (Hall & Hullet, 2002).

 

3.1.5 Riscos Tecnológicos

 

Riscos tecnológicos são os riscos que abrangem os recursos e as tecnologias de apoio e processos de desenvolvimento de ambientes operacionais. Wideman (1992) classifica os tipos de risco em vários grupos, e afirma que o grau de previsibilidade e a capacidade da gestão de reagir apropriadamente são variáveis, mas, em qualquer caso, são independentes da probabilidade de ocorrência e dos valores associados ao evento de risco.

A classificação de riscos estabelecida por Wideman (1992) considera os seguintes grupos:

  • Riscos Externos (e incontroláveis): relacionados à vulnerabilidade dos projetos referentes às mudanças na legislação, a ações governamentais ou a desastres físicos, ambientais e climáticos.
  • Riscos Internos (mais controláveis): as mudanças são previsíveis, contudo, a extensão e direção são incertas. São relacionados às questões de mercado (demanda, economia, competição), operacionais (depois da finalização do projeto, considerando necessidade de manutenção, segurança), ou a impactos sociais, inflação e mudanças de moeda.
  • Riscos Não Técnicos: relacionados à inadequação ou falta de uma estrutura organizacional, de políticas e de procedimentos apropriados, a planejamento inadequado, cronograma irreal, falta de coordenação, interrupções financeiras e deslocamento de prioridades.
  • Riscos Técnicos: associados ao desenvolvimento ou melhoria de novas tecnologias, qualidade do desempenho do projeto, pelas possibilidades de uma maior eficiência do que a planejada inicialmente.
  • Riscos Legais: relacionados à obtenção de licenças, ou equívocos, más interpretações e falhas contratuais.

Nota-se que o além do canteiro de obras a atividade administrativa da construção civil também enfrenta riscos. Os mais comuns, mais presentes na gestão de obras são:

  • Flutuação de preço dos insumos;
  • Dependência de terceiros, como fornecedores, subempreiteiros projetistas;
  • Disponibilidade de recursos financeiros;
  • Sindicatos locais (reivindicação, salário, greves e outros);
  • Riscos técnicos;
  • Variabilidade da produtividade.

A figura 2 seguir representa uma estrutura analítica de riscos em relação a Projetos no Guia PMBOK, 2014.

Fonte: Guia PMBOK, 2014

Os riscos na construção civil (como nos diversos segmentos) podem ser classificados segundo grupos indicados pelo ministério do Trabalho e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, (PPRA, 2017) como em riscos por  acidentes, biológicos, físicos, ergonômicos, psicológicos e químicos.

3.2 Riscos na Construção Civil

 

No caso das obras, existem alguns riscos mais recorrentes. Veja quais são (Sienge, 2019) :

  • Alergias e problemas respiratórios (ocorrer por falta do uso de luvas e máscaras) ;
  • Andaimes (falta de proteção adequada conforme NR para evitar acidentes);
  • Ausência de atenção e desorganização no canteiro de obras (o canteiro de obras exige muita concentração e foco dos colaboradores. Ao se distrair um funcionário pode se ferir ou causar um acidente com outro colega de trabalho);
  • Balancim (falta de proteção adequada conforme NR para evitar acidentes portanto conecte o cinto de segurança em algum lugar fixo e independente da estrutura do balancim);
  • Choques elétricos (nas tarefas que envolvem energia elétrica, a recomendação principal é que: este trabalho seja feito por profissional qualificado, com todos os equipamentos de segurança necessários EPI);
  • Dermatoses (cimento, argamassas e outros causado por contatos sem o uso de luvas);
  • Exposição a corpos estranhos (insetos e outros animais);
  • Falta de sinalização (ao sinalizar de maneira correta e clara o seu canteiro de obras, deve-se informa aos colaboradores os riscos presentes em cada área da construção. Isso pode evitar acidentes. O uso de placas, barreiras, fitas zebradas e outros métodos de sinalização);
  • Quedas de materiais (muito comum no canteiro de obras, a queda de materiais pode causar acidentes graves. Por isso, é importante lembrar que seus colaboradores devem seguir as NRse utilizar os EPIs e EPCs);
  • Quedas de nível ´´trabalho em alturas´´(muito comum no canteiro de obras, a queda de materiais pode causar acidentes graves. Por isso, é importante lembrar que seus colaboradores devem seguir as NRs e utilizar os EPIs e EPCs), segundo Sienge ;
  • Utilização de ferramentas e máquinas sem proteção adequada (muitos acidentes na construção civil acontecem porque o colaborador não sabia utilizar uma ferramenta e nem sobre os riscos que ela poderia oferecer pelo mal uso. Deve-se treinar seus colaboradores e ter certeza de que eles sabem exatamente o que estão fazendo).

Riscos devido à construção:

  • Acessos à obra;
  • Atraso nos desenhos e nas instruções do projeto;
  • Acidentes de trabalho (dos trabalhadores ou da própria obra – colisões, incêndios, etc.);
  • Baixa qualificação profissional em grande parte dos trabalhadores em obra;
  • Custo dos ensaios, dos testes e das amostras;
  • Condições geológicas e geotécnicas do terreno da obra;
  • Danos a pessoas ou bens;
  • Disponibilidade de recursos e materiais;
  • Elevada rotatividade de pessoas;
  • Falta de procedimentos e treinamentos;.
  • Maior contato individual dos trabalhadores com os itens (equipamentos e ferramentas) da construção civil;
  • Mudanças no trabalho;
  • Nível de detalhe do projeto fornecido pelo proprietário;
  • Projeto defeituoso.
  • Realização da atividades de trabalho sob condições de clima, como ventos ou chuvas fortes;

4  A Indústria 4.0 como mecanismo para preservação de acidentes na construção civil

A Indústria 4.0 é o produto de uma profusão de tecnologias aplicadas ao ambiente de produção, o que Schwab (2016) nomeia de “megatendências”. Entre elas, avultam-se os Cyber-Physical Systems (CPS), a Internet of Things (IoT), a Internet of Services (IoS), veículos autônomos, impressoras 3D, robôs avançados, inteligência artificial, Big Data, nanomateriais e nanosensores (SCHWAB, 2016; CNI, 2016; BCG, 2015a).

Para esclarecer os fundamentos e propósitos da 4ª Revolução Industrial, Schwab (2016) tomam como base cinco princípios (Operação em tempo real, Virtualização, Descentralização, Orientação e serviços e Modularidade) para o desenvolvimento e a implementação da Indústria 4.0.

  • Operação em tempo real:

Se no passado qualquer mudança no produto ou no processo produtivo exigia longos ajustes complexos em toda a cadeia de produção, agora a proposta é criar unidades flexíveis capazes de trocar dados de maneira instantânea, ou seja, controle em tempo real de toda a atividade industrial.

  • Virtualização:

Orientação e serviços e Modularidade) para o desenvolvimento e a implementação da Indústria 4.0. O comando das operações, os ajustes de maquinário e a identificação de problemas não serão mais realizados de maneira direta, mas em modelos virtuais capazes de descrever detalhadamente toda a atividade das fábricas a partir de sensores espalhados pela planta.

Além de o controle de todos os processos ser realizado via internet a partir de computadores ou smartphones, por exemplo, a detecção de falhas é imediata e os ajustes realizados são muito mais precisos, evitando desperdícios e poupando tempo com eventuais reparos.

  • Descentralização:

As máquinas não apenas receberão ordens dos sistemas ciberfísicos (que integram entidades físicas com arquiteturas computacionais), como também serão capazes de gerar seus próprios dados, permitindo que os diferentes módulos da instalação atuem de maneira descentralizada.

  • Orientação a serviços:

Com a virtualização de toda a estrutura operacional das indústrias, será possível programar softwares para tomarem decisões instantâneas de acordo com as necessidades da produção. Isso permitirá uma otimização em tempo real de todas as atividades dentro da empresa, além da integração com outros recursos e bases de dados.

  • Modularidade:

Uma das mais importantes propostas da Indústria 4.0 é promover o alinhamento entre a demanda e a produção e facilitar a personalização de produtos. A ideia é tornar o processo produtivo mais flexível com o acoplamento e desacoplamento de módulos, aumentando as possibilidades de produção sem a necessidade de alterações complexas na cadeia produtiva. A figura 3, representa os princípios básicos da indústria 4.0.

Princípios básicos da indústria 4.0.

Veja algumas tendências para a indústria 4.0 no setor da construção:

  • Os dronespodem ser utilizados em funções que ofereçam riscos aos trabalhadores, como a verificação de construções altas e o transporte de certos materiais;
  • criação de módulos pré-fabricados, por seguir padrões preestabelecidos, agiliza a produção, elimina chances de falhas e permite a personalização de acordo com as preferências do usuário;
  • Os robôs e máquinaspodem ser programados para transferir e capturar dados que, mais tarde, contribuirão para obras com visões práticas, ações rápidas e projetos rentáveis;
  • Ageolocalizaçãoe as pesquisas em alta definição, que servem para evitar diferenças entre o escopo do projeto e a realidade do solo;
  • O uso da realidade virtual durante todo o processo do projeto, execução e finalização;
  • A utilização de materiaiscomo concreto auto-curável, aerogéis e nanomateriais.

Pode-se citar também como outras tendências as impressões em 3D, inovações robóticas, análise de Big Data, Internet das Coisas (IoT), programas que funcionam com inteligência artificial que podem ser aplicadas na construção civil.

A figura 4 representa o futuro da construção civil usando os conceitos da indústria 4.0 que podem melhorar a sua produtividade.

Tecnologias que podem melhorar a produtividade da indústria 4.0

5  Análise de Resultados                                                                       

Pessoa (2014) explica que em decorrência do aquecimento da economia brasileira, a indústria da construção civil tem apresentado um aumento econômico de grande representatividade. Tal fato é resultado de que todas as cidades do país estão se tornando grandes canteiros de obras para a construção ou reformas de estradas, obras de mobilidade urbana, para o sistema de transporte, para construção de moradias, edifícios e outros. Para Simões (2010), o crescimento da quantidade de obras não tem sido acompanhado na mesma velocidade no que se refere á fiscalização e segurança na construção civil, levando, como consequência, ao aumento do número de acidentes do trabalho, riscos à saúde do trabalhador e o comprometimento da integridade física deste. De acordo com Medeiros e Rodrigues (2009) o setor da indústria da construção civil envolve tradicionais estruturas culturais, sociais e políticas e causa um elevado índice de acidentes de trabalho. Os autores mencionam que os acidentes de trabalho nesse setor têm sido frequentes e muitas vezes estão associadas a patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e também a empregados que cometem atos inseguros. Para Rodrigues (1986), os riscos são muitos, considerando que alguns trabalhadores, por necessidade, sujeitam-se á exposição do perigo exigidas pela empresa a fim de manter o emprego.

Como a tecnologia da Indústria 4.0 proporciona uma gestão mais otimizada e um maior controle, além de incentivar processos industriais, demandar mão de obra treinada e especializada. Logo, automaticamente, os processos são mais controlados e as condições de trabalho são mais seguras.

  • Uso da realidade virtual:

Por meio da realidade virtual ou realidade aumentada, é possível definir a implementação da edificação, as etapas de execução e também quais os maquinários e equipamentos a serem utilizados. Além disso, também é possível testar no modelo virtual a interação, entre os equipamentos, estrutura e instalações, evitando acidentes.

  • Planejamento a longo prazo:

Com o planejamento a longo prazo, a obra é planejada de forma mais eficiente, elevando a produtividade e a qualidade. Consequentemente, os métodos construtivos são mais bem estruturados e executados com maior segurança, resultando em processos com qualidade.

Por meio de um planejamento bem-feito, imprevistos são gerenciados com mais eficácia e a execução das diversas atividades é realizada com cautela, evitando acidentes.

  • Colaboração de informações:

Ainda, há compatibilização, conferência de interferências, planejamento de execução, utilização de métodos executivos industrializados, treinamento da mão de obra e maior facilidade de acesso às informações.

O resultado é a redução de erros na obra, tratamento prévio de problemas, melhor gestão, otimização da comunicação entre os diversos colaboradores e maior integração entre os membros das variadas equipes. Todos esses resultados impactam diretamente na maior segurança no processo executivo.

Com o uso crescente no setor da construção civil, fica evidente o quão importante é conhecer os conceitos da indústria 4.0 e suas tecnologias para aplicar nas áreas de risco da construção civil.

6  Conclusão

Através do estudo verificou-se que os riscos de acidentes do trabalho causam grandes impactos na construção civil. Entretanto, há diversas metodologias para identificação, controle e monitoramento de riscos.

Por isso, é importante que Trabalho científico demonstre a importância em investir no gerenciamento de riscos para evitar eventos negativos. Pois é importante estar preparado para aproveitar as oportunidades provenientes dos impactos dos riscos com potencial positivo.

Por conta dos prazos muito curtos e do número elevado de acidentes na Construção Civil, tem se tornado comum entre construtoras e empreiteiras elaborar uma estratégia de gestão de riscos, visando identificar, ainda na fase de planejamento, os riscos que podem haver no canteiro. Sendo assim possível tomar ações para evitar problemas graves.

Com a gestão de riscos é possível identificar ameaças que podem causar danos, acidentes e prejuízos para a sua construtora. Tudo isso por meio de uma análise física do ambiente.

Dessa forma, o processo se torna aberto e transparente, tanto porque é possível ver claramente quem é o responsável por cada informação, como também visualizar todos os projetos e modelos em conjunto a fim de aplicar a verificação de interferências, identificando erros, problemas e inconsistências. Através dos riscos da construção civil é possível utilizar os conceitos da Indústria 4.0 para identificar e dar treinamento para evitar os riscos nas obras da construção civil.

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